segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Intolerância Musical

Este é um assunto que  muito me preocupa: a questão da intolerância quanto ao gosto musical alheio. Por incrível que pareça, já fui um sujeito bastante intolerante neste aspecto. Mas o que pode levar a isso? E porque isso tanto me preocupa?
À época em que eu era um sujeito musicalmente intolerante, eu pertencia a uma banda de heavy metal e fazia parte da tribo headbanger. Ouvia quase que somente heavy metal e não respeitava quase nenhum outro estilo que fosse pelo menos rock n´ roll. O fato de estar dentro de uma tribo e "fechar os olhos" - ou melhor, os ouvidos - para a música como um todo, fez de mim um intolerante. Creio que na maioria dos casos seja assim.
Claro que não quero supor que todas as pessoas tenham de ser ouvintes de tudo, ou de vários estilos. Elas tem que ouvir aquilo que lhes agrada e que os façam sentir-se bem, independente da tribo à qual pertençam. A grande questão é: você tem que respeitar quem ouve músicas diferentes das de sua preferência, mesmo que você não suporte essas músicas.
E porque minha preocupação com isso? Bom, diante da variedade de estilos musicais e possibilidades de novas propostas dentro destes estilos, é quase inacreditável alguém não respeitar o gosto alheio. Se não se respeite isso, o que mais será respeitado?
Estes ainda tem a coragem de admitir que o estilo A é melhor do que o B. Ora, cada estilo musical se propõe  a algo diferente: o blues surge como lamento dos escravos norte-americanos, o punk como protesto na Inglaterra, o power metal exibe músicos bastante técnicos, e por aí vai...Como poderei colocar que o Rhapsody é melhor do que os Ramones apenas por ter músicos virtuosos? Ou que o Ramones é melhor do que o Angra porque fazem música de protesto? Cada banda é boa naquilo que faz.
A música é a forma mais completa de demonstração de sentimentos, e cada música pode te trazer à tona sentimentos variados. Se não concorda com o que o outro ouve, respeite, pois se ele ouve, é porque aquilo faz com que ele sinta algo que é, de certa maneira, bom para ele e é uma escolha dele.
Hoje em dia deixei de ser intolerante e passei a ouvir diversos estilos diferentes: jazz, blues, rock, heavy metal, MPB, música clássica, etc, cada um com suas particularidades e qualidades.
Bom, é isso, espero que tenham gostado, e segue o vídeo da música que estou ouvindo ao terminar esse texto:
Gary Moore - Holding on.

6 comentários:

  1. Tema interessante para ser refletido, até mesmo porque todo mundo - eu disse todo mundo - gosta de se meter a legislador musical, a decretar aquilo que é ou não é música, o que deve ou não deve ser ouvido.

    É muito importante que esses preconceitos sejam quebrados, que o gosto alheio seja respeitado e que saibamos também que nosso espírito estará sempre aberto a novas experiências musicais. Entretanto, quero fazer algumas ressalvas.

    Em primeiro lugar, acredito que o respeito tem que ser dirigido somente àqueles que levam a música a sério. Entendemos que ela é, acima de tudo, uma manifestação do espírito humano, independente de ser erudita ou popular, sacra ou secular, ocidental ou oriental. Mas ela pode ser corrompida, esvaziada dos valores que a concebem como a mais bela das artes. A música perde quando lógicas estranhas à sua natureza lhes são adicionadas. Ou você irá respeitar alguém que curte Aviões Do Forró somente por causa das "muié"?

    "Last but not least", quero dizer que a lógica do mercado é um dos principais responsáveis pela pobreza e mediocridade musical ocidental. E não estou apenas me referindo a gravadoras e os "mass media" que, de uma maneira geral, têm os seus olhos focados para a música enquanto mercadoria. Falo da sociedade em geral, que acredita que, quanto mais tocada é uma canção, "melhor" ela é. Claro que muitos astros da música pop são talentosos a ponto de serem quase indiscutíveis, como por exemplo o ex-beatle Paul McCartney, que esteve por aqui há alguns dias. Mas "produzir" música é diferente de compor, de tocar instrumentos e corações. Pois no capitalismo não há espaço para sentimentos, poesias e reflexões, sem as quais uma obra musical não pode ser gerada. Aos idiotas que concebem a música como produto, apenas o meu desprezo.

    Como dizia Nietzsche: "Quem não sabe desprezar não sabe respeitar."

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  2. Valeu Vandic, concordo com suas colocações. E essa frase de Nietzsche resume muito bem suas colocações.

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  3. Véio!!!
    Porra cara concordo com vc. Eu sou intolerante com música ruim. Parabéns pelo blog man!!!!
    Abraço

    Vai tá em Jequié quando pra rolar outra jam daquela???

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  4. Cara, é o mesmo conceito que tenho. Eu sou fã de estilos alternativos, sou da linhagem do Rock, reggae, escuto muito Blues e jazz. E cada estilo músical tem seu brilho e suas técnicas, se pudermos aproveitar o melhor de cada estilo estaremos abrindo novos horizontes e nos capacitando mais musicalmente!

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  5. citou que passou a ouvir outros estilos: jazz, blues, rock, heavy metal, MPB, música clássica, etc. Só coisa boa. Já tentou ouvir Arrocha, Funk "ostentação", swingueira, pagodão, etc? Sou intolerante musical sim, mas é algo que vem do interior, ainda não consegui controlar. Me doí no coração e o cérebro dá muitas voltas assim que ouço mesmo distante esses ritmos citados. Teria mais para comentar mas quando me empolgo não quero mais parar por ser um assunto vasto e que gosto muito. Abraços.

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  6. citou que passou a ouvir outros estilos: jazz, blues, rock, heavy metal, MPB, música clássica, etc. Só coisa boa. Já tentou ouvir Arrocha, Funk "ostentação", swingueira, pagodão, etc? Sou intolerante musical sim, mas é algo que vem do interior, ainda não consegui controlar. Me doí no coração e o cérebro dá muitas voltas assim que ouço mesmo distante esses ritmos citados. Teria mais para comentar mas quando me empolgo não quero mais parar por ser um assunto vasto e que gosto muito. Abraços.

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